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“Mycelia: Álbum de Cogumelos para Micoturismo” – Quando Ciência, Arte e Educação Ambiental se Encontram na Amazônia Atlântica

Por José Maria Pinheiro 

Durante o II Congresso de Jornalistas e Comunicadores de Turismo, realizado em Belém/PA, um dos momentos de maior destaque foi a palestra da engenheira florestal Hortência Osaqui, administradora da Fazenda Bacuri, em Augusto Corrêa (PA), uma das principais lideranças da região quando o assunto é turismo rural. Hortência é também uma das coordenadoras da Rota Amazônia Atlântica, um projeto que integra experiências de turismo sustentável, agroflorestal e de educação ambiental. Durante o congresso, ela compartilhou com os jornalistas e comunicadores de turismo a trajetória de sua família na produção de bacuri, o fortalecimento da agricultura familiar e as estratégias para transformar a propriedade em um exemplo de sustentabilidade e inclusão social.

Em tempos de urgência ambiental, a educação ambiental ganha novas linguagens, novos formatos e, principalmente, novas vozes. Uma das iniciativas mais inovadoras que surgiram recentemente na Amazônia Atlântica é o livro “Mycelia: Álbum de Cogumelos para Micoturismo”, uma obra que combina ciência, arte e engajamento comunitário para promover o conhecimento sobre os fungos da floresta.

O diferencial deste álbum está na riqueza e diversidade de seus autores e colaboradores, todos com forte vínculo com a região e com a pesquisa científica.

Os Autores: Uma Força Coletiva pela Educação Ambiental

O livro “Mycelia: Álbum de Cogumelos para Micoturismo”, uma obra que combina ciência, arte e engajamento comunitário para promover o conhecimento sobre os fungos da floresta.
Foto de direita a esquerda: Hortência Osaqui, João Pedro Souza Santos, Antônio Floriano, Renata Osaqui, Ruby Vargas-Isla, Hueidi Osaqui e Noemia Kazue Ishikawa

O livro é resultado de um esforço conjunto de pesquisadores, educadores ambientais, gestores florestais e comunicadores, que se uniram com um objetivo comum: tornar o mundo invisível dos fungos acessível para turistas, estudantes e comunidades locais.

Dentre os principais nomes por trás do projeto, destacam-se:

  • Ruby Vargas-Isla – Engenheira Agrônoma, mestre em agricultura no Trópico Úmido e doutora em Botânica, especialista em etnomicologia e micoturismo, foi responsável por organizar o conteúdo científico, garantindo que cada espécie de cogumelo retratada fosse fiel ao que é encontrado nas trilhas amazônicas.

  • Hortência OsaquiEngenheira florestal e CEO da Fazenda Bacuri, em Augusto Corrêa (PA), Hortência trouxe a vivência de campo e ajudou a selecionar as espécies mais comuns nas trilhas de Banho de Floresta, reforçando o caráter turístico e educativo da obra. 

  • Noemia Ishikawa – Bióloga, mestre em Microbiologia Agrícola e doutora em Recursos Ambientais (Environmental Resources), Noemia acumula ampla experiência na área de Micologia. Sua atuação inclui temas como biologia e fisiologia de fungos formadores de cogumelos, cultivo de cogumelos comestíveis (fungicultura), etnomicologia e micoturismo. Reconhecida como uma das principais referências no Brasil na pesquisa sobre cogumelos, ela lidera estudos que ampliam o conhecimento sobre a biodiversidade fúngica amazônica.

  • Antônio Floriano, Jadson Oliveira, Tiara Cabral, Laura Leite e Marly Castro  – Cada um desses pesquisadores e educadores contribuiu com sua expertise em taxonomia de fungos, educação ambiental, biologia da conservação e comunicação científica, formando um time multidisciplinar que garantiu ao livro uma abordagem completa e acessível.

“Esse álbum é um esforço coletivo. Cada autor trouxe seu olhar, sua experiência e seu compromisso com a conservação da floresta”, destaca Ruby Vargas-Isla, coordenadora científica do projeto.

A Estrutura do Livro: Conhecimento ao Alcance do Turista e do Educador

Com uma linguagem leve, porém cientificamente rigorosa, o “Álbum de Cogumelos para Micoturismo” apresenta uma seleção de espécies de cogumelos amazônicos, muitas delas avistadas durante as trilhas realizadas por visitantes na Fazenda Bacuri.

Cada página traz:

Nome científico e nome popular (quando disponível)

Descrição morfológica detalhada

Informações sobre habitat e papel ecológico da espécie

Ilustrações botânicas de alta qualidade

Curiosidades sobre o uso tradicional ou a importância ambiental de cada fungo

O livro tem sido usado como material de apoio em atividades de educação ambiental, visitas escolares, roteiros de micoturismo e também em programas de formação para guias de turismo de base comunitária.

Micoturismo: Um Novo Olhar para o Turismo de Natureza

A proposta do micoturismo é despertar nos visitantes uma nova forma de se conectar com a floresta. Em vez de focar apenas em árvores e animais, o visitante aprende a olhar para o solo, para os troncos caídos, para as pequenas formas de vida que sustentam o ecossistema.

Hortência Osaqui, por exemplo, utiliza o livro como guia nas vivências de Banho de Floresta Noturno, realizadas na Fazenda Bacuri. Segundo ela, após a leitura do álbum, os turistas passam a enxergar a floresta de maneira mais profunda. 

“Muita gente nunca tinha parado para olhar um cogumelo com atenção. Agora, durante as trilhas, as pessoas param, observam, perguntam. É uma mudança de percepção que emociona”, comenta Hortência.

Tiara Cabral, uma das coautoras, reforça o impacto social do projeto: 

“A educação ambiental precisa ser inclusiva. Este livro fala tanto com o turista estrangeiro quanto com a criança da comunidade ribeirinha”, afirma.

Conclusão: Um Trabalho Coletivo a Serviço da Amazônia

“Mycelia: Álbum de Cogumelos para Micoturismo” é muito mais do que um guia de campo. É o resultado de uma construção colaborativa, onde nomes como Ruby Vargas-Isla, Hortência Osaqui, Antônio Floriano, Jadson Oliveira, Tiara Cabral, Laura Leite, Marly Castro e Noemia Ishikawa transformaram conhecimento científico em uma ferramenta de conscientização, educação e valorização da biodiversidade amazônica.

A obra segue conquistando espaço em escolas, ONGs, projetos de turismo de base comunitária e universidades, mostrando que a ciência, quando bem comunicada, pode tocar, ensinar e transformar realidades.

Se o futuro da conservação depende da educação, obras como esta são um passo gigante na direção certa.


Fazenda Bacuri – Augusto Corrêa (PA)

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