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Oficina Francisco Brennand estreia na CasaCor São Paulo

Oficina Francisco Brennand estreia na CasaCor São Paulo. Foto: Divulgação


A Oficina Francisco Brennand participará pela primeira vez da CasaCor São Paulo, na edição que marca os 35 anos da mais importante mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas, a ser realizada no Conjunto Nacional, de 05 de julho a 11 de setembro de 2022. A instituição ocupará um espaço de 42 m2 com uma seleção dos conhecidos utilitários que se tornaram marca do escultor e pintor desde os anos 1950 e que continuam em fabricação até hoje pelos artesãos do espaço. O que move essa produção é a preservação do legado de sua obra e a contribuição para a sustentabilidade do complexo cultural que leva o seu nome no Recife.

Entre as peças apresentadas no evento destacam-se os Ovos, forma simbólica da obra de Brennand que representa a constante reprodução e renovação da vida, que poderão ser adquiridos pelos visitantes do evento, além de painéis feitos com os conhecidos ladrilhos cerâmicos da Oficina Francisco Brennand. Fabricados desde os anos 1970, terão sua produção retomada de forma limitada e artesanal, voltada a projetos especiais a serem desenvolvidos junto a arquitetos, designers e decoradores. Também estará à venda uma coleção de cerâmicas brancas em baixo relevo que tem seu lançamento na CasaCor. Além dos utilitários apresentados no espaço, um catálogo com outras peças estará disponível no local para encomendas através da loja virtual da Oficina Francisco Brennand.

Intitulado "Cerâmica Brennand", o espaço celebra a tradição dos objetos utilitários queimados em alta temperatura que acompanharam o trabalho do artista desde o início de sua carreira. A produção das peças se intensificou a partir da década de 1980, pelo incentivo das filhas do artista, Neném e Maria Helena, que passaram a administrar a fabricação e comercialização das peças. Ao mesmo tempo em que manteve o trabalho no ateliê de esculturas e pinturas, Francisco Brennand atuou como mestre do grupo de oleiros e decoradores de sua oficina, que seguiam na ornamentação das cerâmicas a iconografia de flores, frutos e outros motivos próprios ao artista. Tal processo consolidou, então, uma produção coletiva e experimentações em torno do material, como herança de sua obra artística.

"As cerâmicas são produzidas artesanalmente em muitas etapas, desde a composição única da argila até a queima em alta temperatura, obtendo, assim, resultados únicos de variações tonais que coroam a singularidade de cada peça", afirma Marianna Brennand, sobrinha-neta do artista e presidente da Oficina Francisco Brennand. "As cerâmicas utilitárias e ladrilhos produzidos pela Oficina estão presentes no imaginário e na memória afetiva das pessoas. É uma missão dar continuidade a esse legado, olhando para toda tradição do passado e atualizando a produção. É uma forma de celebrar o trabalho de Brennand, ao mesmo tempo em que investimos numa produção com potencial de trazer sustentabilidade para a instituição, no futuro."

A Oficina tornou-se um instituto sem fins lucrativos em setembro de 2019, alguns meses antes do falecimento de Francisco. No processo de reformulação do complexo no Recife, Marianna esteve à frente também da iniciativa de revisitar a coleção de peças utilitárias e decorativas com o objetivo de reverter os recursos para a sustentabilidade do espaço, como desejava o artista. Ao lado da diretora de operações Ingrid Melo, a presidente contou com a consultoria criativa de Livia Debbane e a participação de Helcir Roberto, Aldair de Fátima, José Santana e José Mendes, colaboradores de longa data do artista. Foi realizada uma série de estudos minuciosos dos arquivos da fabricação em cerâmica, cujo resultado será apresentado em primeira mão na CasaCor São Paulo.


Cerâmica Brennand comercializará uma edição limitada de peças.
Foto: Divulgação


O escritório paulistano Metro, responsável pela reformulação arquitetônica da Oficina Francisco Brennand, assina o projeto do ambiente na CasaCor, cuja atual edição se guia pelo tema "Infinito Particular". A proposta dos sócios Martin Corullon e Gustavo Cedroni para a CasaCor foi realizar uma intervenção pontual, igualmente forte e respeitosa com o espaço pré-existente.


"Uma estante conectada a ilhas de madeira cria uma expografia de muita leveza, que usa a seu favor os ossos estruturais do edifício nesta porção antes inacessível ao público. Não existe definição entre frente e fundo; os visitantes podem rodear o volume principal no qual as peças estão expostas, o que cria uma experiência de percurso mais museológica, sem que se exclua o caráter comercial do espaço", explica Cedroni.
Compart.

Roberta Monteiro

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