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Crítica | "Segredos de um Escândalo" - Um filme que vai além da "caixinha"

Longa estreia nesta quinta, 18 de Fevereiro, nos cinemas / Foto: Divulgação



"My December" título original do filme, no brasil ficou "Segredos De Um Escândalo" que caiu como uma luva, mas... Também poderia de chamar "duelo de titãs", se formos levar em conta as interpretações magníficas das protagonistas Natalie Portman e Juliane Moore.

O novo filme do diretor Todd Haynes "SEGREDOS DE UM ESCÂNDALO", que também é responsável pelos excelentes "CAROL" e "LONGE DO PARAÍSO",  estreia hoje, 18 de janeiro, e já pode ser considerado de longe como um dos melhores filmes do mês, quiçá do ano - muito devido a qualidade do roteiro, direção e principalmente pela atuação soberba de duas atrizes já consagradas do cinema, Juliane Moore e Natalie Portman - ambas já com seus vários prêmios na estante, inclusive o tão cobiçado e almejado Oscar de melhor atriz, por papéis que ficaram marcados e eternizados na sétima arte ao infinito e além.

Moore já veterana em Hollywood, após ter sido diversas vezes esnobada, esquecida e ignorada pela a Academia, por atuação sempre acima da média em filmes como: "ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", "LONGE DO PARAÍSO", "FIM DE CASO", "AS HORAS", "BOOGIE NIGHTS - PRAZER SEM LIMITES" e etc... enfim teve seu devido lugar ao sol, com sua interpretação "sine qua non" no filme "PARA SEMPRE ALICE", onde abocanhou o Oscar de Melhor Atriz - já Portman chamou a atenção dos holofotes, de Hollywood e do mundo, quando fez a garota de 12 anos Mathilda, lá no "PROFISSIONAL" do Luc Beson, ao lado do Jean Reno e Gary Oldman - mas, foi em "CISNE NEGRO" thriller psicológico do diretor DARREN ARONOFSKY, que teve seu tardio e devido reconhecimento, com uma atuação visceral que arrastou todos os prêmios pelos festivais cinemas e listas de críticos, de atores, globo de ouro até então chegar no seu Oscar de melhor atriz.



O que dizer então de um filme com essas duas atrizes, qua são monstros hoje do cinema multiversal? Adicione Portman + Moore + Melton a um diretor pra lá de experiente, um roteiro brilhante que usa na sua narrativa o "IMAGÉTICO" ao melhor estilo "AFTERSUN", uma trilha sonora matadora de uma tensão crescente, que lembra muito os documentários sensacionalistas da TV americana da década de 90, uma fotografia primorosa de cair o queixo e a atuações de coadjuvantes que estão de igual para igual com os protagonistas do filme = FILMÃO DA PORRAAAHHH...

A história real é bizarra, absurda e aconteceu em 1996, e conta um fato na vida de uma professora Mary Kay Letourneau de 34 anos, vivida aqui por Juliane Moore, que inicia sem nenhum tipo de culpa, cuidado e pudor... um relacionamento com um aluno de 13 anos da escola onde lecionava, e que esse aluno era colega de classe do filho dessa professora. O escândalo rodou o mundo e chocou várias pessoas - após ter sido descoberta pelas autoridades, Mary foi presa e teve seu filho de dentro da prisão enquanto seu aluno e pai da criança, o garoto de 13 anos a aguardava do lado de fora - o caso rapidamente se espalhou pelo mundo inteiro e o julgamento de Mary Kay acabou se tornando um grande circo midiático, mas as coisas pioram ainda mais, quando a professora que já era casada e já tinha filhos, resolve abandonar seu marido, casamento e família para viver ao lado do garoto, que esperou ficar de maior e casar com ela e constituir uma nova família, dentro de outra já existente e colapsada.

O filme parte do ponto onde: "professora + ex-aluno e atual marido e pai = família tradicional e feliz?", está se preparando para que seus gêmeos comecem o ensino médio e vivem uma vida tranquila. No entanto, suas rotinas viram de cabeça para baixo quando a atriz Elizabeth Berry (Natalie Portman) vem estudar Gracie para vivê-la em um papel no cinema. Com um clima desconfortável na casa, Elizabeth segue todos os passos de Gracie, aprendendo todos os seus costumes, trejeitos, gesticulação, como passar o baton, maquiagem, tonalidade, gesticular da boca, jogada de cabelo e até sentir ser Grace rente a pele, pelos poros e sêmen... todas as manias a fim de entrar na personagem da forma mais profunda possível, passando dos limites do que é aceitável, que culmina em uma das melhores cenas do filme, um monólogo que a atriz ler de uma carta que a Grace escreveu, que é de arrepiar e digna de Oscar - na verdade está além disso.



Com um roteiro parcialmente linear da Samy Burch, que não entrega nada fácil ou mastigado, mesmo se tratando de uma história real a roteirista brilhantemente se utiliza de um recurso que está muito em voga nos filme atuais, que usar o imagético e memórias dos personagens para contar a história, narrativa e recorte, deixando de usar os já habituais e exaustivos "flashbacks" com tons vintage.

Verdade que Portman e Moore foram esnobadas nas premiações que antecedem e servem como termômetro para o Oscar como: Globo de Ouro, Critics Choice Awards, Screen Actors Guild Actors Guild Awards e etc... onde os holofotes ficaram voltados para Emma Stone por "POBRES CRIATURAS" e Lily Gladstone por "ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES", sem falar em Charles Melton que ficou totalmente esquecido, devido as premiações terem se rendido a atuação de coadjuvantes de Robert Downey Jr. Por "OPPENHEIMER".

Mas... nem tudo está perdido e vamos aguardar sair as indicações ao Oscar 2024, pois ao menos nesse filme, além de direção, roteiro, trilha sonora e filme... O trio de atores composto por Juliane Moore, Natalie Portman e Charles Melton merecem ao menos serem lembrados com indicação de melhor atuação.

Em pensar que 30 anos depois dos acontecimentos reais, a história virou filme, e que FILMÃO... onde o grande trunfo de "SEGREDOS DE UM ESCÂNDALO" além das atuações arrebatadoras, está em ir muito além de simplesmente contar uma história de maneira tradicional ou convencional, saindo totalmente da caixinha, da zona de conforto dos clichês e do mais do mesmo.

Por @well.nchagas

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Redação Fácil

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