Navegação

Crítica | “Veneza”, longa de Miguel Falabella, carrega o público para uma viagem sonhadora

Foto: Mariana Vianna

Uma produção cinematográfica que carrega o público para uma sonhadora e imaginável história baseada em fatos tocantes. É o que apresenta “Veneza”, novo longa de Miguel Falabella, que estreia em 17 de Junho nos cinemas brasileiros. O filme é uma adaptação da peça teatral homônima do escritor argentino Jorge Accame.

Em “Veneza”, Falabella delineia um roteiro que ao mesmo tempo que faz um retrato lúdico das mulheres impedidas de sonhar, também presta homenagem ao cinema europeu, em trazer uma Veneza intimista e bela como a retratada nos trabalhos de Fellini, e também por centrar sua história em mulheres fortes e maltratadas pela vida, que buscam forças na matriarca central, como o faz Almodóvar em seus longas.

Foto: Mariana Vianna

Veneza’ conta a triste história de Gringa (Carmen Maura, também conhecida como a musa de Almodóvar), uma espanhola que trabalhava em casa de entretenimento adulto nos anos 1940 quando conhece Giácomo, um italiano por quem se apaixona. Giácomo oferece dinheiro à cafetina do bordel e “compra” Gringa, pedindo-a em casamento. Apesar de apaixonada, Gringa não aceita se tornar posse de ninguém e acaba fugindo, vindo parar no Brasil. Muito tempo depois, já velha e cega, Gringa é também uma cafetina de bordel no interior brasileiro, porém, amarga o arrependimento de ter deixado escapar seu grande amor. Desiludida, insiste para que suas “meninas” realizem seu sonho e a levem para Veneza, onde tem um encontro marcado com seu querido Giácomo.

Para compor o time de Gringa, um elenco de peso: a gerente Rita (a sempre ótima Dira Paes); a romântica Madalena (Carol Castro, que ganha destaque por seu desembaraço com as cenas de nudez), que vive uma história de amor alternativa com Julio (Caio Manhente), filho do coronel; e Jerusa (Danielle Winits, já figurinha carimbada nas produções de Falabella). Junto com Tonho (Eduardo Moscovis) elas vão buscar realizar o sonho de Gringa, nem que para isso tenham que trazer Veneza até ela.

Foto: Mariana Vianna


O longa consegue mostrar realidades que encaramos até no dia de hoje, como a violência contra o LGBTQI, que está presente neste filme também. Julio (Caio Manhente) é apaixonado pela prostituta Madalena (Carol Castro) e seu pai que o leva para visitá-la. Mas ele não sabe que o sonho do menino é fugir pra São Paulo com Madalena e se travestir. Ele descobre em uma cena muito difícil de ser assistida.

Foto: Mariana Vianna


Com pinceladas estilo ‘Adeus, Lênin’, ‘Veneza’ é um filme com tantas nuances de cores que elas literalmente preenchem a tela e enchem os nossos olhos. O longa brasileiro encontra espaço para apontar as dificuldades dessas profissionais em conseguirem realizar suas ambições pessoais, mas, mesmo assim, ainda que na dificuldade, elas ainda encontram na sororidade uma forma de sobrevivência.  A arte circense, os elementos de teatro e uma boa atuação de Dira Paes, Eduardo Moscovis, Carol Castro e Carmen Maura fazem um ato final que encanta, mas não apaga tudo o que a gente viu antes. 

Compart.

Jefferson Victor

Comente no post:

0 comentários:

Adicione seu comentário sobre a notícia