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Crítica | "Convenção das Bruxas" revive um clássico em um formato moderno!

À convite da Espaço Z e Warner Bros. Pictures, a coluna assistiu ao filme em primeira mão antes da estreia no Brasil / Foto: Divulgação
 
Colaboração: Ivaldo Cunha Filho

Virou moda reviver clássicos que marcam a vida de uma geração. Refilmagens de produções cinematográficas tendem a ser uma incógnita quanto aos seus resultados. Isso porque é difícil realizar uma abordagem nova sobre uma história que ficou enraizada no imaginário popular e que passa a ser mostrada com carinho às novas gerações. Mas, como o cinema é um ciclo sem fim, ‘Convenção das Bruxas’ (The Witches) está de volta agora em 2020 com uma nova roupagem, 30 anos após o original. Uma aposta perigosa, sem dúvida.

A saber, Convenção das Bruxas de 2020 é o remake do sucesso homônimo lançado em 1990, estrelado por Angelica Huston e baseado no livro de Roald Dahl. Na obra, um garotinho perde seus pais e acaba se hospedando com sua avó em um hotel onde um grupo de feiticeiras realiza sua convenção anual e traça um plano para transformar todas as crianças do mundo em ratos.

Sob a direção do premiado diretor Robert Zemeckis e do super produtor Guillermo Del Toro, a dupla já começa reescrevendo a história original mudando a ambientação da Inglaterra para o Alabama dos anos 60.

As Bruxas existem e estão entre nós!” alerta, então, a voz de Chris Rock nos primeiros momentos do filme, ao nos contar sua história. 

Assim, viajamos para o passado, quando um acidente de carro mata os pais do garoto, o carismático Jahzir Bruno, e o leva a viver com sua Avó, a ganhadora do Oscar, Octavia Spencer. Quando o menino avista sua primeira bruxa, a avó resolve fugir com ele para um luxuoso hotel – o exato lugar em que a conferência das bruxas do país está acontecendo. Lá, nosso Hero Boy se depara com o plano que a Grande Rainha Bruxa, interpretada pela incrível Anne Hathaway, quer colocar em prática.

Sem grandes alterações na forma de conduzir a história, a mudança realizada por Zemeckis foi atualizar o longa para o público atual inserindo maior representatividade. Um dos pontos mais interessantes da nova versão, é exatamente por terem colocado atores negros para representar os protagonistas, falando sobre questões raciais e principalmente, preconceito em geral.



Quando falamos de um remake, já pensamos em elementos novos para a história que podem ser adicionados, mas o filme apresenta muitas narrativas escritas de forma muito semelhante aos do clássico dos anos 90, com cenas praticamente idênticas. Já em algumas mudanças, as coisas foram mais drásticas. Fatos importantes, que estavam presentes no longa original, ficaram de fora nesta nova produção, como a história do quadro e a mudança de como a garotinha, amiga da avó, foi transformada por uma bruxa.

A Grande Rainha Bruxa é assustadora, pelo menos verbalmente. Anne traz uma variação de xingamentos compostos para sua personagem usar a todo momento, em que está irritada ou brava, ou seja, basicamente o filme todo. A personalidade explosiva da líder do coven é enfatizada pela performance cômica e dedicada de Hathaway, que destrói móveis, distribui gritos para qualquer um que cruzar seu caminho. É um show à parte!



A narrativa do remake se assemelha mais à história escrita por Roald Dahl do que ao filme dos anos 90, mas alguns pontos valem a comparação. A versão de 2020 utiliza demais o CGI, chegando a nos deixar cansados daqueles ratos sempre em pé e falando – em 1990, os efeitos eram práticos, mesclando próteses e filmagens dos animais.

A icônica maquiagem de Anjelica Huston que demorava 8 horas para ficar pronta, utilizada na primeira versão dos anos 90, foi substituída pelos dentes afiados e braços compridos de Anne Hathaway, algo que, para a geração acostumada com um mundo de Pennywises, narigões e verrugas não assustam mais tanto assim. No entanto, pelo menos Huston se diferenciava de seu coven, já que a nova Rainha possui poucas mudanças físicas que diferenciam de suas subordinadas. Mas, uma coisa podemos dizer: Ficou hilário e vai divertir a todos.



Comparações à  parte, o longa de Zemeckis tem seu carisma próprio. Ele não ficou preso às amarras da pressão dos saudosistas e nos deu um final completamente diferente do The Witches dirigido por Nicolas Roeg. Apesar dos momentos tensos envolvendo as filmagens, Jahzir Bruno e Octavia Spencer entregam um carinho emocionante entre neto e avó, principalmente nas cenas iniciais que focam no garoto reaprendendo a viver sem a figura dos pais e lidando com a nova realidade.

Abordando de tudo um pouco, desde a aceitação e preconceito, ao amor familiar. "Convenção das Bruxas" é uma boa pedida para assistir com a família. Com personagens clássicos do terror infanto-juvenil e bons momentos para risadas. Se o original é melhor ou não, cabe a você decidir. Mas a obra de Robert Zemeckis revigora e homenageia Anjelica Huston e seu coven, nos apresentando novas bruxas que as crianças do séc. XXI devem temer, mas ao mesmo tempo se divertir. No entanto, o aviso permanece: crianças, nunca, sob hipótese alguma, aceitem doces de estranhos.

NOTA 7.0
Compart.

Jefferson Victor

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