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Vamos acabar com a hipocrisia ambiental



Desde 1992 o Planeta está em colapso. Ou seja, já tem quase três décadas que a capacidade de regeneração espontânea da Natureza é menor do que a extração de seus recursos por nossa civilização.

E o que têm feito a Europa, EUA, Japão, etc. - enfim, o grupo das nações ricas que se reúne no G-7? Nada, absolutamente nada de efetivo para estancar a sangria.

Ao contrário, inventaram uma fraude chamada "sustentabilidade", um marketing que prega reciclagem de lixo, agricultura orgânica, bikes e toda sorte de embustes e auto embustes para, supostamente, adiar um colapso que já tomou conta de tudo.

Também inventaram ONG bacaninhas (com logomarcas de ursinhos panda) para emprestar verniz de legitimidade e intervir nas políticas de desenvolvimento das nações emergentes, tais quais China, Índia, Brasil, Nigéria, Indonésia, pela ordem.

Eles criaram um modo de vida de consumo desenfreado que provocou o colapso do planeta. E agora, quando chegou nossa vez, eles tentam nos acossar com o discurso ambientalista. Pois já não há mais recursos naturais suficientes nem para eles, ainda mais para nós. É justo impedir as nações emergentes (e as miseráveis) se desenvolvam para que eles usufruam sozinhos do capitalismo selvagem?

É isso, em essência, o que está em jogo.

E de nada adianta cultivar minhoquinhas em casa ou reciclar bitucas de cigarro, tudo auto-engano. O que precisa é plantar muitos trilhões de árvores em todo o mundo, começando pela Europa devastada, passando pela Amazônia. Precisa sobretudo restaurar o plâncton dos oceanos, principal fonte de oxigênio.

No caso do Brasil, especificamente, estamos de fato cavando nosso desastre. Nem adianta alegar que Pedro II mandou restaurar a maior floresta urbana do mundo, a da Tijuca, no Rio, enquanto a Europa destruía sua próprias florestas. Isso já tem uns 150 anos.

Décadas depois, o regime militar de 1964 tomou a decisão estratégica de incorporar a Amazônia ao Brasil. Em verdadeiras epopeias, rasgou estradas como a Transamazônica e a Perimetral Norte, feitos sem igual desde a Transiberiana.

Foi de fato um modo de conquista extremamente predatório, de acordo com os conceitos de hoje. A favor, o fato de a ocupação da Amazônia ter ocorrido quando os conceitos ecológicos ainda engatinhavam na Europa. Em outras palavras, não havia nem na Europa o conceito de sustentabilidade quando os militares decidiram conquistar a Amazônia.

De lá para cá, em 35 anos de governos civis, sendo 21 anos de governos autodeclarados de esquerda-ecológica, em quase 40 anos de ambientalismo planetário, nada de efetivo foi realizado para estancar a devastação da Amazônia.

Ao contrário, o governo Lula aprofundou uma política agrícola que, em síntese, manda passar a corrente nas matas para plantar mega-lavouras de soja e milho transgênico que vão alimentar os porcos dos chineses, igualmente predatórios.

O governo de Dilma Roussef deu nova contribuição ao desastre quando foi cúmplice da aprovação de um novo Código Florestal devastador, que dentre outras mazelas, acabou com a necessidade de restauração de matas como compensação ambiental.

Eu mesmo conheço, perto de Brasília, dois viveiros de mudas que quebraram com a passagem do furacão Dilma. Um vendia 1 milhão de mudas por ano; outro, quase isso. Hoje produzem na faixa de 20 mil mudas para jardinagem e sítios de lazer.

Em conclusão:

1) Essas milhares de ONGs na Amazônia estão lá, em quase sua totalidade, interessadas no subsolo, não no solo, muito menos nos seres humanos que eles chamam de "nações" indígenas.

2) Macron é um hipócrita que mereceu levar um safanão do Bolsonaro, ainda que a forma usada pelo PR-01 tenha sido inapropriada. Idem Noruega e Alemanha.

3) A política ambiental do atual governo, tal qual o dos governos anteriores, permanece na contramão da lógica e das necessidades das futuras gerações.

4) O melhor que o governo Bolsonaro pode fazer para dar uma lição e calar a boca dos europeus é começar a fazer a coisa certa. Ou seja, reformular nossa política agrícola predatória; punir com firmeza as madeireiras, as queimadas e as correntes na Amazônia e Cerrado; e, principalmente, incentivar os acordos ambientais fundamentados na restauração de matas devastadas. 

Autor: Hugo Studart
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MARIO PINHO

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